Miridam
Era a mais bela jovem da tribo dos Acaraós que habitavam as margens do rio Paraim. Por ter sido escolhida dos deuses, Miridam nunca poderia se casar. Somente o velho pajé Piauiguara sabia que, se Miridam conhecesse o amor ela teria um membira (filho na língua Tupi) que não poderia sobreviver. Como sua mãe não resolvia dar-lhe em casamento a nenhum jovem do lugar, ala manteve um amor proibido, às escondidas da todos. Não sabendo como esconder o filho desse amor e com medo de que o mesmo fosse sacrificado, colocou-o num tacho e soltou a pobre criança nas águas do rio Paraim. A natureza se revoltou, o céu ficou escuro e fez descer um corpo estranho que penetrou na terra e abriu uma enorme fenda, por onde jorrou muita água, e que se transformou num imenso lago. É hoje a chamada lagoa de Parnaguá, localizada no sul do Piauí.
A mãe-d'água recolheu e criou a criança e jogou uma maldição na desditosa mãe. Dizem que ainda hoje o filho da mãe-d'água aparece na superfície da lagoa. Ninguém conseguiu até agora desencantá-lo e ele continua aparecendo, já velho, da barbas brancas à luz do luar, ou douradas do entardecer. Dizem, também, que ele aparece como criança nas primeiras horas da manhã. À tarde se torna adulto e à noite é um velho da barbas brancas. Como não diz uma palavra, conta a lenda que quando falar, será o enviado de Tupã para prever o fim do mundo.
Existe, ainda, uma variante desta lenda com o nome da Barba-Ruiva.